quarta-feira, 4 de junho de 2025

Alguém ainda passa por aqui?

Hoje, entre o pó acumulado das prateleiras digitais e o ranger discreto das dobradiças deste velho portal, fui espiar - sem grande esperança, confesso.

E eis que, sob a poeira, acenderam-se pegadas recentes.
Ora, vejam… Ainda há quem transite por estes corredores frios, quem decifre estas paredes cobertas de líquens e musgos antigos, quem, com olhos atentos ou distraídos, respire as palavras que deixei penduradas!

Alguém ainda quer ler o que escrevo?
Ou será apenas a ventania, folheando as páginas?
Talvez um errante curioso, ou um melancólico sem destino,
ou quem sabe alguém que, sem saber, buscava exatamente
esta exata fresta, este mesmo tom... 

Me pergunto, com o coração meio tímido,
se essas frases soltas ainda encontram abrigo,
se ainda tocam, ainda despertam,
ou ao menos fazem companhia
em alguma tarde qualquer ou em algum canto do mundo.

Nunca divulguei, nunca chamei:
deixei aberto, só isso.
Como uma porta encostada,
como uma luz acesa na madrugada,
para quem quisesse, para quem precisasse,
ou simplesmente, para quem passasse.

E hoje percebo: algumas pessoas passaram. 
Então deixo estas linhas,
como quem acena de longe:
obrigada pela visita silenciosa,
pela leitura improvável,
pelo tempo dedicado!

Se quiser, fique mais um pouco.
Se não, tudo bem:
é bonito demais saber que, mesmo assim,
ainda passam por aqui.


Bella.